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Críticas a Álbuns
Crítica a Álbum :: Niburta - Scream From The East (2012)
2012-10-22 08:40:45 | Hugo Miguel Delgado

Scream From The East é o primeiro longa-duração dos Niburta, banda Húngara que combina elementos de folk dos balcãs com um death metal melódico, tipo Gothemburg, em linhas algo semelhantes aos temas mais pesados de uns Eluveitie mas adicionando elementos folk da sua zona geográfica. A banda procura reforça essa dualidade sonora ao ter escolhido Niburta para o seu nome, sendo este referido como uma antiga divindade da guerra e da agricultura, tanto dando fúria como abundância. Como foi referido, este é o primeiro álbum da banda, tendo sido editado depois do sucesso alcançado no ano passado com o EP Awakening.



O álbum arranca com The Descent, um cântico em que sobressai uma voz feminina entoando uma melodia com uma sonoridade balcânica. Gradualmente a melodia vai subindo de tom à medida que uma batida e outros elementos se juntam até ser feita a transição para o tema seguinte.



Segue-se Balkanic Heart, começando com grande intensidade, com uma flauta ou outro instrumento de sopo a tocar sobre uma melodia death metal melódica/gothemburg, com algumas semelhanças com temas mais pesados dos suiços Eluveitie. Uma voz masculina começa a cantar com raiva e outras flautas juntam-se à primeira, e quando deixam de se ouvir é para dar lugar a deliciosos riffs melódicos de guitarra que nos guiam até ao ponto alto da música. O refrão cai que nem uma bomba, com uma voz feminina a encantar-nos com uma melodia cantada em húngaro mas que encaixa na perfeição com os riffs rasgados das guitarras e com os ritmos feitos pelo jogo de pedais da bateria. Ao longo da música ouvem-se por vezes 2as e 3as vozes que por breves momentos acrescentam novas dimensões ao tema. Melhor tema do álbum, com excelente trabalho de composição e enquadramento dos diversos intrumentos e vozes.



O terceito tema, Nap és Hold, começa com uma guitarra acústica acompanhada por uma voz feminina que entoa novamente uma melodica de origem balcânica que soará familiar a qualquer ouvinte. As guitarras, baixo e bateria entram para acompanhar a melodia, e começam a cantar em húngaro. A meio do tema, em vez do esperado solo temos um momento em que diversos instrumentos tradicionais criam ambiente sobre os riffs da guitarra, ouvindo-se alguns instrumentos de sopro acompanhados pelo berimbau-de-boca que vai dando um ar da sua graça um pouco por todo o tema. Entretanto surge um violino a acompanhar a voz, reforçando ainda mais a linha melódica tradicional que serve de base a toda a música, dando-se no final uma fuga novamente para o momento com os intrumentos tradicionais a juntarem-se, arrastando-se depois vagarosa e melancolicamente para o término.



Dance of Satyrs (Tribute to Daemonia Nymphe) é o tema que se segue. Como o título indica, é um tema original da banda de neofolk grega Daemonia Nymphe, que é desta forma homenageada. O tema arranca com uma gaita de foles mas rapidamente adiciona peso ao tema com a entrada do pedal duplo e guitarras. A homenagem ganha ainda outros contornos ao ganhar voz e letra, algo que não existe na versão original, mas que aqui se encaixam na perfeição. Desta vez volta a surgir a aproximação à sonoridade dos Eluveitie, com a bateria e voz raivosa a rasgar pelos versos, desta vez em inglês, mas sempre acompanhados de perto pelos sons mais tradicionais. O refrão aparece com uma voz death metal bem grave e profunda, contrastando com a constante melodia envolvente. É um tema bem directo e poderoso que dará excelentes resultados quando tocado ao vivo, certamente.



Forebears’ Dance começa como melodia tradicional, com algumas gaitas e cordas acompanhados por tambores, até entrar em ritmo, como se de uma balada tradicional se tratasse. Os pequenos desencontros entre os instrumentos são pormenores deliciosos que tornam o tema estranhamente cativante. O tema vai evoluindo e o ritmo alteram-se para sonoridades mais alegres, mas sempre com recurso apenas aos instrumentos tradicionais acompanhados pela bateria apenas para marcar o ritmo, até ao minuto final em que os instrumentos eléctricos entram para acompanhar a mesma melodia.



Awakening já tinha sido lançado anteriormente pela banda, como EP e com direito a video-clip, mas foi sujeito a algumas pequenas alterações e felizmente foi integrado neste primeito álbum. O tema arranca com flautas e berimbau-de-boca numa melodia algo alucinante, sendo rapidamente acompanhados pelas guitarras a tocar acordes arrastados e a voz a entoar cânticos tradicionais que nos transportam para outras terras e tempos. O verso entra com a voz masculina repleta de raiva que já nos tem habituado, voltando o refrão à fórmula de "Balkanic Heart" com a voz feminina a sobressair cantando em húngaro sobre as vozes masculinas e riffs pesados da guitarra. Mais um grande tema!



Ao contrário dos restantes tema até aqui, Masala arranca com uns riffs de guitarra, mais rock do que metal, para de seguida a voz feminina começar um canto tradicional. A voz masculina aparece, rouca, a contrastar com a melodia cristalina. Encontro algumas semelhanças entre estre tema e Sapari, dos Orphaned Land, principalmente a partir do momento em que entra uma terceira voz que parece saída de um megafone a acompanhar repetidamente durante o refrão. É um tema menos agressivo e intenso que os anteriores. No último minuto do tema, o ritmo muda drasticamente e alternam-se ritmos quase de bossa-nova com momentos dignos de uns Trollfest, com grunhidos e tudo à mistura. Inesperado, mas acaba por não acrescentar muito à música, de tão desenquadrado. Achamos que, ao invés desta experimentação, um solo de guitarra teria encaixado na perfeição neste tema.



Forgotten Path arranca com um riff em grande velocidade, dentro da mesma linha dos temas mais rápidos do álbum, sendo rapidamente acompanhado pela voz repleta de raiva, bateria a acompanhar com agressividade e instrumentos de sopro a dar um ambiente menos taciturno e mais tradicional. Aqui a voz feminina junta-se apenas no refrão, desta vez não para entoar melodias tradicionais, que ficam apenas ao cargo dos instrumentos acústicos, mas para continuar a linha melódica do tema e cantar em inglês.



Novo contraste, agora com Rege, que começa com uma voz masculina a cantar algo que deverá ser um tema tradicional, acompanhado de guitarra acústica, violino, coro masculino e outros instrumentos acústicos de fundo. Ao fim de algum tempo, entra a distorção a acompanhar a mesma melodia melancólica apenas para pouco depois mudar rapidamente o ritmo do tema, entrando pedal-duplo e riffs rápidos com uma voz a cantar algo que dá uma vontade extrema de acompanhar, sem grande sucesso devido a não conhecermos a língua. Um tema verdadeiramente bipolar, em que a melancolia do violino alterna constantemente com versos que parecem ansiar por sair de dentro do peito. Um dos nossos temas preferidos do álbum.



Sto Imala Kasmet é mais um tema tradicional dos balcãs, que aqui funciona como tema de encerramento do álbum. Arranca com instrumentos de percursão acompanhados de uma gaita e coros femininos, prolongando-se desta forma até ao final do álbum.



Relativamente às interpretações, a principal nota vai para as vocalizações magníficas de Martina Veronika Horváth, seguidas das de Balázs Hormai, pecando este último um pouco pela pronúncia e métrica nos temas interpretados em inglês, algo que se nota principalmente se acompanharmos a música com a letra. István Kristóf, que também toca alguns instrumentos acústicos e tradicionais, também é referido como vocalista, provavelmente nas partes intermédias e 3as-vozes que abundam ao longo do álbum. As guitarras de János Krieser e Gergő Hajba também estão em destaque com os seus riffs cortantes, pena é não termos tido direito a solos de guitarra, algo que gostariamos de ter ouvido em algumas das músicas, como em Masala, onde encaixaria que nem uma luva. O baixo de Attila Rab andou sempre a par da bateria de Milán Leindler, num excelente trabalho, criando groove quanto baste, dando ritmo aos instrumentos tradicionais e dando poder e agressividade aos versos e refrões sempre que necessário. Finalmente, Anna Németh, com o seu violino e gaita de foles, ajudou a acrescentar a quantidade de folk exacta aos temas, fazendo deste primeiro álbum uma adequada homenagem ao próprio Niburta, com doses bem medidas de guerra e abundância.



Concluindo, temos aqui um surpreendente primeiro álbum, de qualidade muito acima da média e com boa produção. Como pontos a melhorar, a já referida pronúncia nos temas em inglês bem como a métrica utilizada ao longo de alguns versos, que parece um pouco desadequada quando acompanhamos as letras. Também sentimos falta de solos de guitarra, que encaixariam muito bem em 2 ou 3 temas, até para mudar um pouco a fórmula utilizada a meio das músicas. Vamos certamente acompanhar o futuro dos Niburta, que certamente irão dar que falar.



Numa escala de 1 a 100, e tendo em conta que este é um álbum de estreia, daria nota 90 a Scream From The East.


Rating: 90%



Scream From The East - album cover
01The Descent
02Balkanic Heart
03Nap es Hold
04Dance of Satyrs (Tribute to Daemonia Nymphe)
05Forebears%u2019 Dance
06Awakening
07Masala
08Forgotten Path
09Rege
10Sto Imala Kasmet
 
VozIstván Kristóf
VozBalázs "Busó" Hormai
VozMartina Veronika Horváth
GuitarraIstván Kristóf
GuitarraJános Krieser
BaixoAttila "Kráken" Rab
BateriaMilán Leindler
ViolinoAnna Németh
Gaita de FolesMárton Szilágyi
Gaita de FolesAnna Németh
FlautaMárton Szilágyi
 


NIBURTA (HU)