Os Idols For Dinner são uma banda francesa de Deathcore e Tenant of a Declining World é o seu álbum de estreia, depois de terem lançado o EP Corpse Division em 2009. A banda é constituída por Cristofer Rousseau na voz, Paul Biller e Nicholas Stackpoole nas guitarras, Camile Bechet no baixo e Othman Belhadj na bateria, tendo a mistura do álbum ficado a cargo de Stéphane Buriez e a masterização sido feita por Jonas Kjellgren (músico e produtor que, entre outros trabalhos, foi responsável por masterizar o álbum All Shall Fall, dos Immortal).

Não sendo o Deathcore um género que eu ouça com regularidade, não posso deixar de ficar surpreendido com este trabalho dos Idols For Dinner. Ao longo de um álbum repleto de jogos de vozes, ora graves e roucas ora mais altas e a gritar, aos quais aliaram também diversas linhas melódicas das guitarras que adicionam constantemente novas camadas de interesse aos temas. No entanto, o que torna a música mais interessante é mesmo a capacidade de rapidamente se reinventarem a eles próprios e de um momento para o outro alterarem o rumo da melodia, fazendo com que ao fim dos primeiros 5 minutos do álbum Tenant of a Declining World se fique com a sensação de que já se ouviu meio álbum, devido às várias ideias com que já fomos assolados. Alguns dos temas mais interessantes deste trabalho são Legally Instituted Murder ou Scarlet, sendo este último para mim o melhor tema do álbum, devido à maior variedade sonora - até se ouve um piano la pelo meio - apresentada ao longo dos seus mais de 6 minutos. Digno de referência também o belíssimo tema instrumental acústico We The Lost Travellers, que teria ficado um excelente e dramático tema de encerramento de álbum, não tivessem optado por colocá-lo a duas faixas de distância do fim.

Avaliar as performances individuais revela-se uma tarefa difícil de realizar devido à enorme qualidade demonstrada por todos os elementos da banda, mas há que referir desde logo a fantástica capacidade de Cristofer Rousseau transmitir todos um conjunto de emoções, passando por fases de angústia, desespero ou esperança, indo muito além da esperada raiva genérica expressa na forma de berros. Outra performance excepcional é a de Belhadj Othman na bateria, com uma infinidade de variadas e imaginativas intervenções nos muitos momentos de pausas, quebras ou mudanças de rumo dos temas, assim como diversos pormenores que mesmo nos momentos mais regulares dos temas apimentam toda a experiência auditiva, sendo as faixas de bateria praticamente solos de bateria do principio ao fim dos temas, de tão intrincados. O baixo de Camile Bechet procura acompanhar toda esta variedade rítmica e adicionar profundidade e corpo aos temas, enquanto as guitarras de Paul Biller e Nicholas Stackpoole, cortantes e em jogos melódicos que tanto se aproximam na procurar da harmonia como se antagonizam em perfeito contraste de ideias ajudam a adicionar interesse e diversidade aos temas, tendo sido este um dos elementos que mais me captaram a atenção neste trabalho. Quando à produção, pouco a apontar. A mistura dos instrumentos está perto de perfeita, faltando apenas ligeiros ajustes numa das vozes que por vezes parece algo desajustada e "fora" do conjunto. A já referida opção de colocar o tema instrumental perto do meio do álbum é discutível, mas creio que se tivesse sido colocada como tema final do álbum iria contribuir para adicionar dramatismo e intensidade ao tema e a todo o álbum, que encerraria de forma tal que ninguém ficaria indiferente.

Concluindo, apesar deste subgénero não fazer parte das minhas escolhas musicais, só posso ficar rendido a este excelente trabalho, tanto ao nível colectivo como individual. Espero que a banda se mantenha neste caminho e continue a surpreender, sendo certo que arrancaram colocando já a fasquia num patamar elevado, "obrigando-me" a dar 85 / 100 a Tenant of a Declining World.

Rating: 85%