Os Inkilina Sazabra são uma banda portuguesa formada em 2010 e que apresenta uma sonoridade de rock industrial combinada com a interpretação, num estilo mais falado do que cantado, de poemas da autoria do vocalista Pedro Sazabra. A acompanhá-lo neste 3º álbum de originais estão ainda César Palma na guitarra, Paulo Dimal nas teclas e Carlos Sobral na bateria, programações e vozes adicionais.
Com 13 temas e quase 1 hora de duração, Maldita(mente) encontra-se como que encaixado entre uns Mão Morta e uns Bizarra Locomotiva, mas acabando ainda assim por apresentar uma sonoridade bem distante da das referidas bandas. Por um lado, porque apesar de apresentarem em comum com os primeiros uma componente vocal num estilo mais declamativo, acabam por descartar por completo a musicalidade muitas vezes mais viva, resultante da abordagem tendencialmente pop/rock do histórico colectivo nortenho. Por outro lado, apesar de partilharem com os segundos um certo estilo lírico e musical, ainda assim os seus temas acabam por ter letras com temáticas bem mais terrenas e directas enquanto musicalmente também se apresentam bastante agarrados a uma sobriedade e leveza que não está presente no bem mais pesado, irrequieto e bizarro colectivo de Rui Sidónio. Após algumas audições, fica quase a ideia de que musicalmente, os temas se destinam a ser uma espécie de banda sonora que pretende apenas acompanhar o conteúdo lírico, sem nunca se sobrepor a esse objectivo. No entanto, alguns temas com sonoridades mais desenquadradas, como Não O Queiras Como Amigo, Mesquinho ou Psico, ou alguns versos aqui ou ali menos inspirados acabam por provocar alguns franzires de sobrolho. Apesar de se estranhar a insistência na palavra "Maldita" ao longo da primeira metade do álbum - dos primeiros 4 temas, 3 deles têm a palavra no título e repetida diversas vezes ao longo das respectivas letras - e achar que estes poderiam estar mais espalhados pelo álbum, acabam por estar nesta primeira metade do álbum os seus melhores momentos, com o tema-título de abertura Maldita(mente), o enérgico e revoltado Oiço Conselhos Demais ou os tristes e arrastados Sê Maldito e Desejo Maldito, este último com direito a videoclip.
Em jeito de conclusão, este é um trabalho que mostra algumas boas ideias mas que sofre por vaguear um pouco em demasia ao longo do espectro musical entre o rock mais ou menos alternativo, sendo mais experimental do que industrial. É certo que deixa em aberto a possibilidade de vir a apelar a uma maior franja de público, mas para aqueles que valorizam a consistência de um álbum e o avaliam como um todo, o resultado final acaba por causar alguma estranheza. Com uma produção muito bem conseguida que permite escutar de forma clara todos os instrumentos e maquinaria, teria sido interessante perceber qual teria sido o resultado se tivessem optado por incluir temas com maior garra e irreverência, um pouco na onda de alguns dos temas do anterior Almas Envenenadas, pois com este salto evidenciado ao nível da produção poderiam ajudar a puxar este trabalho para maiores vôos. Nota final: 65 / 100.
Rating: 65%
01 | Maldita (Mente) |
02 | Oiço Conselhos Demais |
03 | Desejo Maldito |
04 | Sê Maldito |
05 | Aos Mortos |
06 | Capitalista Animal |
07 | Não Queiras Como Amigo |
08 | Mesquinho |
09 | Lado Negativo |
10 | Psico |
11 | Vejo a Tortura |
12 | Ao Longe |
13 | E Se For Amor? |
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Editora | Dicepeca Records |
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Voz | Pedro Sazabra |
Guitarra | César Palma |
Bateria | Carlos Sobral |
Teclado | Paulo Dimal |
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