Os Blame Zeus estão de volta às edições discográficas com o lançamento do seu segundo álbum, entitulado Theory of Perception. O quinteto de Vila Nova de Gaia sofreu uma grande reformulação no seu alinhamento, contando agora com Paulo Silva e Tiago Lascasas nas guitarras e com Celso Oliveira no baixo, que se juntam aos membros fundadores Sandra Oliveira (voz) e Ricardo Silveira (bateria).
Com uma mudança desta magnitude, a dúvida que naturalmente nos assaltava era de que forma seria afectado o rumo sonoro que a banda vinha trilhando. Podemos desde já deixar descansados os fãs da banda, pois a sonoridade da banda mantém-se, regra geral, dentro daquilo que nos tinha habituado. Este Theory of Perception apresenta-se como uma sequência lógica ao álbum de estreia Identity, mostrando aqui uns Blame Zeus mais maduros, mais soltos e mais seguros de si, capazes de acrescentar alguns pormenores interessantes ao seu som mas sem se desviarem muito da sua identidade. Isso sente-se logo desde o tema de abertura, Slaughter House, com as guitarras bem abertas e ritmo acelerado, extravasando energia, contrastando com o ambiente mais introspectivo que dominava o álbum anterior. O tema seguinte, All Inside Your Head, já nos aproxima mais deste tipo de ambiente, mas aqui também com um som menos denso, optando por uma sonoridade mais ampla e cristalina. A voz de Sandra Oliveira continua a ser o fio condutor que sobressai ao longo de todos os temas, e se já lhe tinhamos reconhecido qualidades na forma como conseguia dar corpo e encher os temas com o calor da sua voz, não podemos deixar de ficar surpreendidos quando, no belíssimo tema The Moth, esta se transforma e nos traz à memória o álbum Nighttime Birds e a voz de Anneke van Giersbergen. Juntando-se a este último tema e ao também já referido tema de abertura, temos ainda de referir More Or Less, Redemption ou Signs como outros dos pontos altos do álbum, que certamente teriam direito a muito tempo de airplay se neste país as rádios tratassem melhor os seus ouvintes e com mais isenção e equidade os artistas dos diversos espectros musicais.
No que toca à produção, mantém-se a opinião já referida na crítica ao trabalho anterior relativamente ao som da bateria, com a tarola a soar algo insípida, principalmente nos momentos em que sobressai relativamente aos restantes instrumentos; no entanto, nada que penalize em demasia o excelente resultado final deste trabalho.
Com um total de 12 temas e 51 minutos de duração, este Theory of Perception é portanto um trabalho bem conseguido por parte dos Blame Zeus. Não só como testemunho da força de superação da banda face às mudanças sofridas ao longo do passado ano, mas pela forma como, conseguindo manter-se fieis a si próprios, souberam aperfeiçoar a sua sonoridade e apresentar um trabalho que está um patamar acima em relação ao seu álbum de estreia. Um álbum mais consistente e com uma sonoridade mais aberta e directa, um claro passo em frente na carreira da banda.
Rating: 77%
01 | 01. Slaughter House |
02 | 02. All Inside Your Head |
03 | 03. Speechless |
04 | 04. The Moth |
05 | 05. More Or Less |
06 | 06. The Devil |
07 | 07. Redemption |
08 | 08. Entertainment Clown |
09 | 09. Miles |
10 | 10. Signs |
11 | 11. Id |
12 | 12. Rose |
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Gravado em | Raising Legends Studio |
Capa criada por | Helder Costa |
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Voz | Sandra Oliveira |
Guitarra | Tiago Lascasas | Paulo Silva |
Baixo | Celso Oliveira |
Bateria | Ricardo Silveira |
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