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Reportagens de Concertos
Vagos Metal Fest 2024
2024-08-02 - 2024-08-04 | Quinta do Ega

Vagos voltou a pintar-se de negro no início de Agosto, com mais um Vagos Metal Fest a trazer milhares de fãs das sonoridades mais pesadas à sempre acolhedora localidade do distrito de Aveiro. No dia 1 de Agosto deu-se a recepção ao campista e nos seguintes dias 2, 3 e 4 seguir-se-iam 3 dias de muita música e diversão - e pouco descanso, dado que este ano, contrariamente ao inicialmente previsto, o festival teria apenas um palco, o que levou a que os concertos começassem a uma hora por cá nunca vista, logo às 14 horas.

DIA 1
No primeiro dia de concertos, o primeiro destaque terá de ir para as bandas nacionais Godark e Toxikull, responsáveis pelos melhores momentos da primeira metade do dia. Os Godark, logo a abrir àquela ingrata hora de arranque, conseguiram deste logo animar o público presente e mostraram porque é que são uma das mais promissoras bandas nacionais do momento, com uma sonoridade já bastante amadurecida e mais uma prestação ao vivo tão competente quanto empolgante. Numa actuação curta, conseguiram incluir no set um tema de avanço para o próximo álbum, e esperamos que numa futura edição tenham oportunidade de o vir apresentar num horário mais adiantado e com mais tempo em palco. Quanto aos Toxikull, que trouxeram o seu último álbum Under The Southern Light, viram os seus temas desde logo ser acompanhados pelo público que se continuava a avolumar aos poucos no recinto. O seu hino Metal Defender foi o momento mais alto da actuação, com inúmeras vozes a acompanhar em coro, mas claramente mereciam mais tempo em palco, sendo completamente anticlimático o final que se seguiu após esta, que era apenas a 5ª música do set.
Na segunda metade de concertos deste primeiro dia, especial destaque para as actuações de Elvenking e Insomnium. Os italianos mostraram ser uma máquina de entretenimento, com uma enorme presença em palco, tão cativante quanto o seu folk metal, e animaram um público que estava já em número mais interessante. Quanto aos mestre suecos do death metal melódico, deram uma actuação avassaladora, com a classe e competência que lhes é reconhecida, fazendo o público alternar entre momentos de headbanging furioso e outros de calma contemplação e introspeção meditativa. Acabaram por ser responsáveis pela melhor actuação do dia, até porque os Overkill, que se seguiram, apresentaram-se uns furos abaixo do que já os vimos fazer no passado, cumprindo os mínimos mas mostrando-se sem a garra que habitualmente os caracteriza. Um último apontamento para os Uada, que fecharam o dia com competência, e só não tiveram mais e melhor atenção porque o dia ia já longo e a força nas pernas era já pouca.

Godark
2024-08-02 14:07

Thola
2024-08-02 14:51

At War
2024-08-02 15:36

Meggera
2024-08-02 16:32

Toxikull
2024-08-02 17:10

NervoChaos
2024-08-02 17:52

Elvenking
2024-08-02 18:53

Dynazty
2024-08-02 20:05

Insomnium
2024-08-02 21:38

Overkill
2024-08-02 23:16

Uada
2024-08-03 01:21

DIA 2
No segundo dia de Vagos, o grande destaque da primeira parte do dia vai inteiramente para os australianos The Omnific, e a sua muito particular forma de fazer metal progressivo apenas com uma bateria e dois baixos. O trio de Melbourne conseguiu encher o palco e dominar todas as atenções com a sua mestria, surpreendendo mesmo quem, como nós, já tinha tido a oportunidade de os ver no passado. Ainda antes do cair da noite, destaque também para a actuação enfeitiçante dos Saor, com o seu black atmosférico a soar de uma forma perfeitamente mágica, transportando tudo e todos para outras paragens.
Depois do cair da noite, os Samael e os Epica foram reis e senhores. O quarteto suiço mostrou que continua uma máquina muito bem oleada e trouxe um set muito interessante, com foco esperial na fase dos clássicos Ceremony Of Opposites e Passage, dominando o público até à chegado dos Epica, que por sua vez esmagaram a concorrência com uma actuação nos limites da perfeição, com o carisma e a entrega que lhes são habituais, juntando-lhes algum calor, com a utilização de fogo, e uma setlist que uniu bastante bem melodia e agressividade, agradando a todos os presentes. Os God Dethroned, que fecharam a noite, foram competentes q.b. e mantiveram o público resistente animado, num esforço bastante válido dada a actuação que os antecedeu.

Capela Mortuária
2024-08-03 14:06

Morto
2024-08-03 14:55

Confess
2024-08-03 15:35

The Omnific
2024-08-03 16:23

Injector
2024-08-03 17:12

Morphium
2024-08-03 17:56

Saor
2024-08-03 19:01

Mão Morta
2024-08-03 20:13

Samael
2024-08-03 21:40

Epica
2024-08-03 23:08

God Dethroned
2024-08-04 01:10

DIA 3
No terceiro e último dia de concertos, a primeira metade do dia foi quase inteiramente dedicada a bandas nacionais, e aí teremos de considerar que os grandes destaques foram as actuações dos ANZV e dos Grog. O quinteto nortenho mostrou que, apesar da sua ainda curta carreira, está já mais do que pronto para dar um salto para outras paragens, transportando-nos de uma tarde repleta de sol e calor para outros ambientes bem mais obscuros e misteriosos, através de uma prestação arrebatadora que não deixou ninguém indiferente. Os temas do extraordinário álbum de estreia Gallas fundem-se em perfeita sintonia com a prestação dos músicos em palco, resultando numa cativante experiência ritualista repleta de misticismo. Quanto aos Grog, o histórico quarteto dispensa apresentações e demonstrou mais uma vez que não fica nada a dever a outros grandes nomes internacionais do género, destruindo tudo e todos com a sua sonoridade que funde o brutal death com o grind de forma efectivamente brutal, cheia de um groove que se entranha e nos transforma, levando todo o recinto ao caos, tema após tema após tema. Menção também aos senhores que se seguiram, os Gwydion, que continuaram também a manter o recinto em ebulição com o seu sempre animado folk metal que tão bem tem resultado, ano após ano, nos mais diversos festivais.
Com o aproximar da noite, aproximavam-se também os maiores motivos de interesse deste último dia, desde logo com os Suffocation, que protagonizaram uma descarga sonora impressionante, numa combinação de peso, técnica e intensidade, mantendo ao mesmo tempo uma qualidade sonora imaculada, sendo provavelmente o concerto que gozou de melhor som nesta edição do festival. Logo de seguida, os Primordial limitaram-se a dar "só" um bom concerto, que certamente não terá deixado de surpreender positivamente quem os estivesse a ver pela primeira vez, mas que não deixou de estar um pouco abaixo daquilo a que já nos habituaram - como que acompanhando a tendência dos seus mais recentes lançamentos discográficos. Por outro lado, os donos e senhores da noite seriam os germânicos Blind Guardian, que entraram a matar com Hansi Kürsch a rapidamente tomar controlo dos acontecimentos e de um público sedento dos vários clássicos que foram sendo interpretados numa actuação que só pecou por ser mais curta do que se esperaria. Ainda que o nosso público estivesse muito longe de ser como o público alemão, que habitualmente torna os concertos desta banda em eventos absolutamente inesquecíveis, muitos foram os momentos em que acompanhou os temas a plenos pulmões, como ficou por demais evidente em The Bard's song – In the Forest ou já perto do final, na inevitável e sempre apoteótica Valhalla. A setlist fez questão de recordar alguns temas da fase mais inicial da carreira da banda, e dada a reacção do muito público presente, nesta que pareceu ter sido a maior enchente desta edição, estamos em crer de que esta foi uma aposta ganha e que, conforme o próprio Kursch fez questão de referir, certamente os Blind Guardian não irão demorar novamente 17 longos anos a regressar a Portugal.

Black Hill Cove
2024-08-04 14:06

ANZV
2024-08-04 14:51

HochiminH
2024-08-04 15:38

Terror Empire
2024-08-04 16:23

Raxar
2024-08-04 17:10

Grog
2024-08-04 17:52

Gwydion
2024-08-04 18:54

Suffocation
2024-08-04 20:08

Primordial
2024-08-04 21:33

Blind Guardian
2024-08-04 23:08

Quinteto Explosivo
2024-08-05 01:08


Apesar das dificuldades iniciais que esta edição de 2024 do Vagos Metal Fest criou a si própria, com a tardiamente anunciada passagem de 2 palcos para um único e consequente necessidade de antecipar os horários dos concertos, reduzir tempos de actuações e riscos acrescidos de atrasos, o público deu mostras de uma boa capacidade de adaptação e fez questão de estar presente logo desde o início em números maiores do que se esperaria. É certo que algumas das actuações mereciam ter sido colocadas noutro horário e com maior tempo de palco, mas de um modo geral tudo acabou por correr de forma bastante positiva, mais ainda se considerarmos que esta foi a edição do festival que terá tido melhor qualidade de som ao longo de todos os dias de concertos. Também as infraestruturas destinadas à restauração pareceram oferecer mais variedade face a outros anos, um facto sempre digno de louvar, e até a inicialmente estranha opção de incluir um ringue exclusivamente dedicado a espectáculos de wrestling acabou por se revelar bastante interessante e divertida, com inúmero público presente durante esses momentos. Relativamente a números de assistência, a organização informou que terão sido cerca de 18 mil pessoas presentes ao longo dos 3 dias, verificando-se um incremento de cerca de 5 mil pessoas face a 2023, tendo ainda sido confirmado que no próximo ano, numa edição para a qual já estão confirmadas as presenças de Decapitated, Moonspell, Mayhem e Bizarra Locomotiva, o festival voltará a ter 2 palcos principais e o início dos concertos voltará a acontecer pelas 16/17 horas, permitindo a todos um maior tempo de descanso entre dias.